Por vezes, só nós conseguimos ouvir a melodia dos nossos silêncios...
A minha parece-se com o som de uma flauta de bambu...
é uma melodia soprada levemente e faz o coração bater bem de-va-ga-ri-nho, como se gentilmente, fosses abraçado pelos meus braços transparentes, num gesto espelhado de conforto e calor.
Sentes-me.
A tua, parece-se com um violino velhinho...
é uma melodia tocada levemente, num tom extremamente baixinho e cansado, mas ainda assim, consigo ouvir-te. Fecho os olhos e deixo-me embalar pela doçura das tuas cordas finas...consegues afastar de mim todas as sombras.
Sinto-te.
Balouço delicadamente a minha rede e observo, no fumo do meu cigarro, as notas musicais em tom de segredos que, timidamente levitam da minha alma e vão descansar na tua...onde quer que estejas.
São os nossos segredos que ali estão. Somos nós a flutuar dentro de bolinhas de sabão.
E ainda que ausentes um do outro, continuamos a ser notas da mesma melodia... continuamos a dançar de mãos dadas com o vento e fazemos cócegas ás mesmas nuvens.
Rodopiamos ao som de lágrimas serenas, brilhamos ao som do reencontro das memórias... somos um abraço (e)terno entre a melodia cúmplice do meu silêncio e do teu...
Saltitamos e sorrimos ao som de nós mesmos, na busca incansável pela melodia contínua do nosso amor.
Fica mais um pouco.
Sei que estás cansado, vejo-te o rosto rosado e de vez em quando a respiração ofegante, mas não pouses ainda o violino. Não silencies a nossa melodia, segue simplesmente o meu compasso...
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